terça-feira, 24 de março de 2009




Infidelidade é genética ou cultural?



Estudo sueco descobre que os infiéis têm semelhança genética. No Brasil, Sérgio Danilo Pena, um dos maiores geneticistas do país, defende que somos responsáveis por nosso destino.
A roda é alegre. A dança, sensual. E a regra, bem simples: trocar de parceiros. Animada, a roda de cassino alegra as noites de paulistanos. "Tarrito" é uma palavra muito usada em Cuba quando se fala em traição, infidelidade.
"Na dança é bem normal, e aqui funciona certinho. Do lado de fora já é um pouco diferente. Teoricamente, eu exijo fidelidade", diz o administrador Mairon Ferreira.
Enquanto eles e elas brincam de trair, há quem adore relações perigosas. O segurança Nelson Andrijic, o Nelsinho, 28 anos, não dança salsa. Ele faz boxe para relaxar e tem um coração enorme, digamos assim. É porque nele há espaço para mais de uma relação ao mesmo tempo. "Não tenho tipo preferido, tem que ter uma química. Eu gosto de todas", afirma Nelsinho, que também gosta da fama de conquistador. "Acho que eu puxei ao meu pai. Minha mãe largou dele porque ele era muito sem-vergonha, muito canalha. Ela dá risada", conta. O mundo está cheio de tentações. Resistir a elas em nome da fidelidade às vezes é bem complicado. Ser fiel ou infiel, eis a questão. Será que herdamos ou aprendemos, como na dança? Na Suécia, cientistas descobriram que homens infiéis têm uma semelhança genética. Seria, então, a tendência masculina para seguir os passos da traição? No Brasil, quase 70% dos homens que responderam à pesquisa sobre sexualidade admitiram que pelo menos uma vez na vida eles traíram. Bem diferente das mulheres. Entre elas, 43% disseram que também traíram os companheiros. A infidelidade seria genética ou cultural? Sérgio Danilo Pena, um dos maiores geneticistas do país, defende que somos responsáveis por nosso destino. "O infiel não pode culpar o gene", afirma o médico, que explica que cada pessoa tem cerca de 24 mil genes. Até agora, o que os cientistas suecos conseguiram provar é que os infiéis têm semelhanças em apenas parte de um gene. "Nós herdamos nossos genes dos nossos pais, mas também herdamos ética familiar, maneira de se comportar, exemplo. Todas essas coisas nos influenciam", explica doutor Sérgio Pena. A fidelidade é um das principais promessas dos casais. Era o que a comerciante Conceição Emery queria ouvir. Mas na hora H, o noivo declarou: "Prometo ser fiel a mim". "Eu fecho os olhos e lembro exatamente do momento em que ele falou", conta Conceição. "Hoje em dia a gente se diverte, mas na hora isso me assustou um pouquinho. Eu arregalei os olhos. Inclusive, tenho a foto que mostra aquele momento". "Não era exatamente isso que eu queria dizer naquele momento, mas valeu pela espontaneidade. De fato, eu acredito que as pessoas não podem ser fiéis quando elas não são fiéis aos seus princípios, quando ela não é fiel a si mesmo", diz o construtor César Malet. César e Conceição estão juntos há 22 anos e tinham 15 anos de união quando resolveram se casar formalmente. "Eu sou fiel a tudo aquilo em que eu realmente acredito, principalmente minha esposa", garante César. "Algumas mulheres falam que não botam o dedo no fogo pelo marido. Eu coloco meus dois braços em termos de confiança. Acredito realmente que ele é fiel", diz Conceição. Para a filha, a estudante Juliana Emery Malet, que foi dama de honra no casamento, essa confiança é construída no dia-a-dia. "Meus pais são o exemplo que eu quero para minha vida. Uma coisa que eu realmente quero para mim, porque eu vejo que há uma felicidade muito grande em casa", conta. É como no passo de dança: os dois estão na mesma coreografia, no mesmo ritmo, juntos em um compromisso que, segundo a pesquisa, para a maioria dos brasileiros não se sustenta sem sexo. "É muito difícil manter uma relação equilibrada quando a parte sexual está desequilibrada. Eu penso que quando acontece a infidelidade há um problema sério nesse aspecto do casamento", comenta César.


matéria retirada do globo reporter

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