quinta-feira, 19 de março de 2009

Ginástica fortalece neurônios

Ginástica fortalece neurônios

A regra das 12 horas, descoberta nos laboratórios brasileiros, identifica um dos mais sofisticados mecanismos da memória. Mas para os que lutam contra os vazios do esquecimento, a ciência também tem como dar mais uma forcinha. E essa é para quem está disposto a suar a camisa.
Os equipamentos de musculação sempre foram usados para modelar o corpo, definir os músculos, melhorar a silhueta. Mas agora os pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) descobriram que na academia também dá para exercitar os neurônios. Definitivamente, a ciência derrubou aquele mito preconceituoso de que quem tem músculo não tem cérebro.
Oxigênio. Peso-pesado. Pesquisadores anotam tudo, não perdem nenhum detalhe, em um laboratório avançado de pesquisa para estudar cérebros com mais de 60 anos.
"Estou colocando minha cabeça para funcionar. A sensação é de que estou desenferrujando", descreve o aposentado Shih Chieh Chan.
Os resultados do suor que desenferruja a cuca são medidos em uma sala. Depois de puxar ferro, hora de encarar os testes de memória do professor de educação Ricardo Cassilhas. As conclusões são reveladoras: quem faz exercícios durante a vida tem menos chance, por exemplo, de desenvolver o Mal de Alzheimer. E a memória sai ganhando.
"Claro que adianta fazer exercício quando já se está mais velho. Inclusive, no nosso estudo, seis meses foram suficientes para indivíduos que nunca fizeram musculação melhorar a função cognitiva. Isso mostra que mesmo se você deixar de fazer a vida inteira e começar a fazer quando estiver idoso, já vai ter um ganho", garante Ricardo Cassilhas.
Os pesquisadores acreditam que a oxigenação do sangue provocada pelos exercícios atua no cérebro. Mas, para o senhor Shih Chieh Chan entrar na academia foi como embarcar em uma máquina do tempo. "É como se eu estivesse gravando em um vídeo. Você se lembra de tudo quando assiste a um videotape: o que fez, o que deixou de fazer. E isso é muito bom", comemora.
A viagem em busca da memória perdida na velhice já levou os cientistas a uma certeza: a falha de uma única enzima – a telomerase – seria responsável pelo envelhecimento de todos os circuitos cerebrais.
"Se conseguirmos controlar ou regular os mecanismos de ação dessa enzima, talvez consigamos dar um salto na expectativa de vida humana para os 120, 150 anos de idade", adianta o neurocientista Roberto Lent, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Estaria nessa enzima a explicação para a extraordinária memória da escritora Maria Augusta Machado? Enquanto os cientistas investigam, ela escreve. Quer passar para as próximas gerações tudo o que testemunhou na vida.
"Carregar na cabeça o que hoje muita gente só aprende no livro da escola me dá uma sensação muito gratificante porque eu vivi aquilo. Não sei quanto ainda na minha cabeça. Que pode garantir que tem espaço?", finaliza.

matéria retirada do globo reporter



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