Sentimentos negativos podem agravar doenças
A dor existe para alertar que há algo errado no corpo. Quando o problema é resolvido, ela deve ir embora. Mas a tristeza mantém a dor sem fim.
As dores do corpo e as dores da alma são inseparáveis e assim devem ser tratadas. A dona de casa Kátia Gomes sofre de dores terríveis na face. Tudo piorou depois da morte dos pais. Hoje, o marido tenta poupá-la de qualquer aborrecimento.
"Às vezes, eu nem falo coisas pequenas para ela, porque podem desencadear a dor, e a crise vem junto", conta o marido de Kátia.
A responsabilidade de cuidar dos filhos e o fim de dois casamentos abalaram a saúde do sociólogo Júlio Miranda.
"É como se fosse uma dor de dente muito mais forte. É uma dor aguda e forte, que pega todos os dentes. Depois, ela sobe", conta a dona de casa. A dor existe para nos alertar de que há algo errado no corpo. Quando o problema físico é resolvido, ela deve ir embora. É como se luzes fossem ligadas para dar o aviso e depois desligadas, quando o perigo passou. O problema é que emoções negativas como tristeza constante ou a raiva eterna acabam mantendo o sistema da dor ligado em um sofrimento sem fim. "O indivíduo passa a perceber com maior intensidade sensações dolorosas ou passa a perceber como dolorosas sensações que não seriam primariamente dolorosas", explica o psicoterapeuta João Augusto Figueiró, do Grupo de Dor do Hospital das Clínicas em São Paulo. Esse curto-circuito doloroso também pode ser causado por excesso de analgésicos. Por isso, os profissionais do Grupo de Dor buscam alternativas, como a acupuntura. O sociólogo Júlio Miranda foi em busca desse tipo de ajuda para tratar uma terrível dor nas pernas. Ele tem um problema circulatório, já operou, mas o sofrimento continua. Júlio trava uma luta diária para se manter ativo. No banco onde trabalha, lida com o público e sente que o trabalho é quase uma terapia. "Eu procuro ver sempre o lado bom das coisas. Eu gosto de conversar com as pessoas. Então, eu saio bem para o serviço”, conta Júlio. Na casa onde mora com dois dos quatro filhos, a dor é um fantasma sempre rondando. "Às vezes, pode ser que ele esteja em um dia bom e até impressione o bom humor. Ou pode ser que ele esteja estressado, nervoso, e desconte em nós coisas com as quais não temos nada a ver", observa Maíra Miranda, filha de Júlio. "Ficamos meio sentidos quando ele está com dor, porque sabemos que ele não está aqui 100%", reclama Eduardo Miranda, filho de Júlio. A responsabilidade de cuidar dos filhos e a tristeza de dois casamentos que acabaram abalaram ainda mais a saúde do sociólogo. "Para mim foi muito complicado lidar com isso e me perdoar, para poder perdoar os outros. Você não consegue perdoar ninguém se você não se perdoa”, comenta Júlio. Perdoar e refletir são atitudes que ajudam. E seguir os conselhos dos filhos também. "Ele fuma e bebe. Então, já não está fazendo a coisa correta", revela a filha. “No emocional, tem o ciúme e a carência. Ele quer que eu fique em casa para fazer companhia", conta Maíra. "Parece que ele tem que carregar o mundo nas costas e tem que resolver tudo sozinho, quando, de repente, poderia contar com a ajuda de um amigo ou de um familiar. Eu acho que meu pai é um pouco assim às vezes. Ele não se abre com as pessoas", opina o filho Eduardo. Júlio e Kátia são dois brasileiros em busca da cura para as dores do corpo e da alma e com boas chances de sucesso. Eles estão nas mãos de bons médicos e vivem cercados de amor, um sentimento que faz dupla perfeita com o pensamento positivo. "Frequentemente, as pessoas associam emoções com algo negativo e perturbador, mas emoções também são positivas. Essas emoções positivas têm efeitos benéficos para a saúde. São emoções de acolhimento e de aproximação, de maior afetividade e de maior amorosidade", aponta o psicoterapeuta João Augusto Figueiró. Vale também amor de marido, de filhos e, claro, amor-próprio. "O amor e o afeto realmente são poderosos no sentido do restabelecimento da doença, da saúde e na prevenção do desenvolvimento de doenças”, alerta o médico.
As dores do corpo e as dores da alma são inseparáveis e assim devem ser tratadas. A dona de casa Kátia Gomes sofre de dores terríveis na face. Tudo piorou depois da morte dos pais. Hoje, o marido tenta poupá-la de qualquer aborrecimento.
"Às vezes, eu nem falo coisas pequenas para ela, porque podem desencadear a dor, e a crise vem junto", conta o marido de Kátia.
A responsabilidade de cuidar dos filhos e o fim de dois casamentos abalaram a saúde do sociólogo Júlio Miranda.
"É como se fosse uma dor de dente muito mais forte. É uma dor aguda e forte, que pega todos os dentes. Depois, ela sobe", conta a dona de casa. A dor existe para nos alertar de que há algo errado no corpo. Quando o problema físico é resolvido, ela deve ir embora. É como se luzes fossem ligadas para dar o aviso e depois desligadas, quando o perigo passou. O problema é que emoções negativas como tristeza constante ou a raiva eterna acabam mantendo o sistema da dor ligado em um sofrimento sem fim. "O indivíduo passa a perceber com maior intensidade sensações dolorosas ou passa a perceber como dolorosas sensações que não seriam primariamente dolorosas", explica o psicoterapeuta João Augusto Figueiró, do Grupo de Dor do Hospital das Clínicas em São Paulo. Esse curto-circuito doloroso também pode ser causado por excesso de analgésicos. Por isso, os profissionais do Grupo de Dor buscam alternativas, como a acupuntura. O sociólogo Júlio Miranda foi em busca desse tipo de ajuda para tratar uma terrível dor nas pernas. Ele tem um problema circulatório, já operou, mas o sofrimento continua. Júlio trava uma luta diária para se manter ativo. No banco onde trabalha, lida com o público e sente que o trabalho é quase uma terapia. "Eu procuro ver sempre o lado bom das coisas. Eu gosto de conversar com as pessoas. Então, eu saio bem para o serviço”, conta Júlio. Na casa onde mora com dois dos quatro filhos, a dor é um fantasma sempre rondando. "Às vezes, pode ser que ele esteja em um dia bom e até impressione o bom humor. Ou pode ser que ele esteja estressado, nervoso, e desconte em nós coisas com as quais não temos nada a ver", observa Maíra Miranda, filha de Júlio. "Ficamos meio sentidos quando ele está com dor, porque sabemos que ele não está aqui 100%", reclama Eduardo Miranda, filho de Júlio. A responsabilidade de cuidar dos filhos e a tristeza de dois casamentos que acabaram abalaram ainda mais a saúde do sociólogo. "Para mim foi muito complicado lidar com isso e me perdoar, para poder perdoar os outros. Você não consegue perdoar ninguém se você não se perdoa”, comenta Júlio. Perdoar e refletir são atitudes que ajudam. E seguir os conselhos dos filhos também. "Ele fuma e bebe. Então, já não está fazendo a coisa correta", revela a filha. “No emocional, tem o ciúme e a carência. Ele quer que eu fique em casa para fazer companhia", conta Maíra. "Parece que ele tem que carregar o mundo nas costas e tem que resolver tudo sozinho, quando, de repente, poderia contar com a ajuda de um amigo ou de um familiar. Eu acho que meu pai é um pouco assim às vezes. Ele não se abre com as pessoas", opina o filho Eduardo. Júlio e Kátia são dois brasileiros em busca da cura para as dores do corpo e da alma e com boas chances de sucesso. Eles estão nas mãos de bons médicos e vivem cercados de amor, um sentimento que faz dupla perfeita com o pensamento positivo. "Frequentemente, as pessoas associam emoções com algo negativo e perturbador, mas emoções também são positivas. Essas emoções positivas têm efeitos benéficos para a saúde. São emoções de acolhimento e de aproximação, de maior afetividade e de maior amorosidade", aponta o psicoterapeuta João Augusto Figueiró. Vale também amor de marido, de filhos e, claro, amor-próprio. "O amor e o afeto realmente são poderosos no sentido do restabelecimento da doença, da saúde e na prevenção do desenvolvimento de doenças”, alerta o médico.
Matéria retirada do Globo Repórter
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