Como decifrar os sentimentos de um recém-nascido?
Para aprender a decifrar as primeiras emoções, a mãe precisa de tempo e da ajuda do pai. Desde cedo, educar exige atenção, paciência e muito amor.
Graziela Azevedo São Paulo
Ainda sem o recurso das palavras, Leo é igual a todos os bebês que conhecemos. Qualquer emoção que ele tem, pronto: bota a boca no mundo e chora. O impacto da chegada do bebê - passamos um dia na casa de uma família paulistana. Quantas emoções registramos, sentimos e gravamos. O único jeito de falar para a gente o que ele está sentindo é através do choro. Difícil é saber traduzir cada sentimento. "É duro você ver um filho chorando e não saber o porquê, por mais que falem que é cólica. Você quer fazer alguma coisa para parar aquele choro", comenta a advogada Camila Torres Blanca, a mãe do Leo. "Tem dia que ela começa a chorar junto", conta o administrador de empresas Rodrigo Damas, pai de Leo, sobre a atitude de Giovanna irmã do bebê. "Em um primeiro momento, o mais importante é que os pais não ignorem essas mensagens corporais e tentem ajudar esse bebê a encontrar a resposta para aquela mensagem de insatisfação que ele está tendo. Uma coisa muito importante é que os pais não respondam sempre com o mesmo estímulo. Por exemplo, tem mães que sempre respondem ao choro com alimento. Esse tipo de resposta única não contempla a riqueza de mensagens e de emoções que estão ocorrendo no corpinho do bebê", explica a psicóloga Vera Zimmermann, da CRIA e da UNIFESP. Para aprender a decifrar essas primeiras emoções, a mãe precisa de tempo e da ajuda do pai. Desde cedo, educar exige atenção, doses reforçadas de paciência e muito amor. Giovanna está na fase em que a fantasia também é fundamental. É brincando que a criança ensaia para a vida e treina maneiras de enfrentar o medo, a culpa, a raiva. Os pais podem ajudar muito fazendo coisas simples. "O adulto pode ajudar achando exemplos ou lendo um livro que fale a respeito disso ou dizendo ‘Eu senti isso, será que e isso que está acontecendo contigo hoje?’”, Dra. Vera. E o que será que está acontecendo com a Giovanna e Camila? Giovanna acaba de entrar na escola e está no período de adaptação. Camila Torres Blanca fica por perto nesse início. A separação vai acontecendo aos poucos, mas não é fácil para a menina. Nem para a mãe. "Eu sei que e muito difícil. Então, tenho medo de ela chorar e de ela pensar ‘a minha mãe me deixou aqui para ficar com o meu irmão’", revela a advogada. A diretora pedagógica da escola, Márcia Giachini, vem em socorro. A experiência mostra que se a mãe está segura e transmite isso à criança tudo fica mais fácil. "Eu acho que a grande questão é a gente compreender o que está acontecendo com a criança. A mãe quando vai conversar tem que passar isso: ‘eu te entendo’. E a criança se sente mais tranquila", explica a diretora. Os olhos estão sempre à procura. Os da filha buscam a mãe. Os da mãe tentam encontrar sua menina. O contato visual é garantia de segurança no mundo novo da escola. Mas vai chegar o momento em que as duas terão que lidar com suas emoções sem o apoio constante, uma da outra. Aos poucos, Giovanna vai se soltando, mas provavelmente o sistema imunológico ainda vai sentir o impacto dessas emoções. Doencinhas vão aparecer, mas faz parte da fase fundamental do crescimento. Depois de um dia impactante de adaptações, nos despedimos da família. Leo, Giovana, Camila e Rodrigo têm a chance de passar a vida toda aprendendo a entender como as emoções fazem parte do nosso bem estar.
Graziela Azevedo São Paulo
Ainda sem o recurso das palavras, Leo é igual a todos os bebês que conhecemos. Qualquer emoção que ele tem, pronto: bota a boca no mundo e chora. O impacto da chegada do bebê - passamos um dia na casa de uma família paulistana. Quantas emoções registramos, sentimos e gravamos. O único jeito de falar para a gente o que ele está sentindo é através do choro. Difícil é saber traduzir cada sentimento. "É duro você ver um filho chorando e não saber o porquê, por mais que falem que é cólica. Você quer fazer alguma coisa para parar aquele choro", comenta a advogada Camila Torres Blanca, a mãe do Leo. "Tem dia que ela começa a chorar junto", conta o administrador de empresas Rodrigo Damas, pai de Leo, sobre a atitude de Giovanna irmã do bebê. "Em um primeiro momento, o mais importante é que os pais não ignorem essas mensagens corporais e tentem ajudar esse bebê a encontrar a resposta para aquela mensagem de insatisfação que ele está tendo. Uma coisa muito importante é que os pais não respondam sempre com o mesmo estímulo. Por exemplo, tem mães que sempre respondem ao choro com alimento. Esse tipo de resposta única não contempla a riqueza de mensagens e de emoções que estão ocorrendo no corpinho do bebê", explica a psicóloga Vera Zimmermann, da CRIA e da UNIFESP. Para aprender a decifrar essas primeiras emoções, a mãe precisa de tempo e da ajuda do pai. Desde cedo, educar exige atenção, doses reforçadas de paciência e muito amor. Giovanna está na fase em que a fantasia também é fundamental. É brincando que a criança ensaia para a vida e treina maneiras de enfrentar o medo, a culpa, a raiva. Os pais podem ajudar muito fazendo coisas simples. "O adulto pode ajudar achando exemplos ou lendo um livro que fale a respeito disso ou dizendo ‘Eu senti isso, será que e isso que está acontecendo contigo hoje?’”, Dra. Vera. E o que será que está acontecendo com a Giovanna e Camila? Giovanna acaba de entrar na escola e está no período de adaptação. Camila Torres Blanca fica por perto nesse início. A separação vai acontecendo aos poucos, mas não é fácil para a menina. Nem para a mãe. "Eu sei que e muito difícil. Então, tenho medo de ela chorar e de ela pensar ‘a minha mãe me deixou aqui para ficar com o meu irmão’", revela a advogada. A diretora pedagógica da escola, Márcia Giachini, vem em socorro. A experiência mostra que se a mãe está segura e transmite isso à criança tudo fica mais fácil. "Eu acho que a grande questão é a gente compreender o que está acontecendo com a criança. A mãe quando vai conversar tem que passar isso: ‘eu te entendo’. E a criança se sente mais tranquila", explica a diretora. Os olhos estão sempre à procura. Os da filha buscam a mãe. Os da mãe tentam encontrar sua menina. O contato visual é garantia de segurança no mundo novo da escola. Mas vai chegar o momento em que as duas terão que lidar com suas emoções sem o apoio constante, uma da outra. Aos poucos, Giovanna vai se soltando, mas provavelmente o sistema imunológico ainda vai sentir o impacto dessas emoções. Doencinhas vão aparecer, mas faz parte da fase fundamental do crescimento. Depois de um dia impactante de adaptações, nos despedimos da família. Leo, Giovana, Camila e Rodrigo têm a chance de passar a vida toda aprendendo a entender como as emoções fazem parte do nosso bem estar.
matéria retirada do Globo repórter
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