quinta-feira, 30 de abril de 2009




Manchas na pele podem resultar de choques emocionais



  • Muitas vezes, a segurança que temos sobre as nossas qualidades, sobre o que sentimos e o que gostamos pode ser abalada por um acontecimento inesperado.

  • Nosso bem-estar pode estar programado desde que nascemos. "Pertencemos a nossa infância como pertencemos ao nosso país. Então, tem uma parte da nossa história que vamos escrevendo como se fosse um livro. Essas primeiras páginas têm um valor importantíssimo. Por isso é importante iniciarmos bem a vida. Isso vai, de certa forma, dar base e ser a âncora para coisas futuras, inclusive para a nossa autoconfiança e nossa segurança", afirma o neuropsiquiatra infantil Jairo Werner.
  • Após a perda do pai e a mudança de cidade, Terezinha Gondim desenvolveu manchas na pele.
    Por mais que algumas pessoas tenham absoluta segurança sobre suas próprias qualidades, sobre o que sentem, o que gostam e o lugar a que têm direito no mundo, muitas vezes essa segurança pode ser abalada por um acontecimento inesperado. Surgem manchas na pele, o cabelo começa a mudar. Caem alguns fios ou ficam brancos.

  • São as emoções, afetando o nosso corpo. “Eu tinha uma caspa intensa. Eu cuidava, mas não melhorava. Quando resolvi ir ao dermatologista, ele pediu uma biópsia. Resultado: psoríase. Eu não sabia do que se tratava. Para mim, era uma palavra nova, uma doença de que eu nunca tinha ouvido falar. Eu nunca tinha visto ninguém com psoríase. Então, foi assustador", comenta a dona de casa Terezinha Gondim. Mais assustador ainda foi quando apareceu na pele.

  • "Quanto mais aparece mais ansiosa ficamos. Quanto mais ansiosos mais aparece", afirma Terezinha. “Nós interpretamos as doenças psicossomáticas como um sinal de alerta. É um processo sábio e de evolução dos animais, inclusive dos seres humanos. O corpo está recebendo uma mensagem do cérebro de que as coisas não estão bem, e você tem que resolver", explica Vanner Boere Souza, mestre em neurociência e psicobiologia pela Universidade de Brasília (UnB).

  • "Eu tinha mudado de cidade e de um estado para outro. Logo depois, perdi o meu pai. Isso influencia muito a vida das pessoas.

  • A perda de uma pessoa querida, um casamento, uma separação, uma doença na família – tudo isso influencia muito", revela Terezinha.

  • "O segredo do estresse em crianças e em adultos está em uma frase muito antiga: 'conhece-te a ti mesmo'. Esse é o segredo.

  • Se você sabe quem você é, vai conseguir localizar esse problema e vai ter o instrumento fundamental para resolvê-lo", afirma Vanner Boere Souza. "O estresse vai sempre existir em crianças e em adultos.

  • A vida é estressante. O segredo é como viver com isso para ter uma saúde melhor", conclui o especialista.

  • Matéria retirada do Globo Repórter

quarta-feira, 29 de abril de 2009








Câncer de Pele



Prevenir-se é muito fácil



O que é o Câncer da Pele?
O câncer da pele é um tumor formado por células da pele que sofreram uma transformação e multiplicam-se de maneira desordenada e anormal dando origem a um novo tecido (neoplasia). Entre as causas que predispõem ao início desta transformação celular aparece como principal agente a exposição prolongada e repetida à radiação ultra-violeta do sol.
O câncer da pele atinge principalmente as pessoas de pele branca, que se queimam com facilidade e nunca se bronzeiam ou se bronzeiam com dificuldade. Cerca de 90% das lesões localizam-se nas áreas da pele que ficam expostas ao sol, o que mostra a importância da exposição solar para o surgimento do tumor. A proteção solar é, portanto, a principal forma de prevenção da doença.


Como fazer para evitar o câncer da pele?
A exposição prolongada e repetida da pele ao sol causa o envelhecimento cutâneo além de predispor a pele ao surgimento do câncer. Tomando-se certos cuidados, os efeitos danosos do sol podem ser atenuados. Aprenda a seguir como proteger sua pele da radiação solar.
use sempre um filtro solar com fator de proteção solar (FPS) igual ou superior a 15, aplicando-o generosamente pelo menos 20 minutos antes de se expor ao sol e sempre reaplicando-o após mergulhar ou transpiração excessiva. (saiba mais sobre filtros solares e FPS)
use chapéus e barracas grossas, que bloqueiem ao máximo a passagem do sol. Mesmo assim use o filtro solar pois parte da radiação ultra-violeta reflete-se na areia atingindo a sua pele. Evite o sol no período entre 10 e 15 horas.
A grande maioria dos cânceres de pele localizam-se na face, proteja-a sempre.


Não esqueça de proteger os lábios e orelhas, locais comumente afetados pela doença.
Procure um dermatologista se existem manchas na sua pele que estão se modificando, formam "cascas" na superfície, sangram com facilidade, feridas que não cicatrizam ou lesões de crescimento progressivo.
Faça uma visita anual ao dermatologista para avaliação de sua pele e tratamento de eventuais lesões pré-cancerosas.
Estas recomendações são especialmente importantes para as pessoas de pele fototipos I e II, as quais devem evitar qualquer tipo de exposição ao sol sem proteção.
Quando começar a proteção solar?
Comece o quanto antes. Cerca de 75% da radiação solar recebida durante a vida ocorre nos primeiros 20 anos. Os efeitos da radiação ultra-violeta só se manifestam com o passar do tempo. As lesões começam a aparecer na maioria das vezes ao redor dos 40 anos . Portanto, proteja as crianças e estimule os adolescentes a se protegerem.
Câncer de Pele
Prevenir-se é muito fácil
Como são as lesões de câncer de pele?


São três os tipos mais frequentes.


Eles se originam de diferentes células que compõem pele.
Carcinoma Basocelular: originado das células da camada basal, é o mais frequente e com o menor potencial de malignidade. Seu crescimento é lento e muito raramente se dissemina à distância.
Pode se manifestar de várias maneiras, a da foto acima é apenas uma delas. Feridas que nao cicatrizam ou lesões que sangram com facilidade devido a pequenos traumatismos, como o roçar da toalha, podem ser um carcinoma basocelular.


Carcinoma Espinocelular: originado das células da camada espinhosa, tem crescimento mais rápido e as lesões maiores podem enviar metástases à distância. Também conhecido como carcinoma epidermóide, é bem menos frequente que o basocelular.
É comum acometer áreas de mucosa aparente, como a boca ou o lábio, cicatrizes de queimaduras antigas ou áreas que sofreram irradiação (raios X).
Pode ocorrer também a partir de ceratoses actínicas, que são lesões pré-cancerosas decorrentes da exposição prolongada e repetida da pele ao sol.


Melanoma: originado das células que produzem o pigmento da pele (melanócitos), é o câncer de pele mais perigoso. Frequentemente envia metástases para outros órgãos, sendo de extrema importância o diagnóstico precoce para a sua cura.
O melanoma pode surgir a partir da pele sadia ou a partir de "sinais" escuros (os nevos pigmentados) que se transformam.


Apesar de ser mais frequente nas áreas da pele comumente expostas ao sol, o melanoma também pode ocorrer em áreas de pele não expostas. Pessoas que possuem sinais escuros na pele devem se proteger dos raios ultra violeta do sol, que podem estimular a sua transformação.


Por isso, qualquer alteração em sinais antigos, como: mudança da cor, aumento de tamanho, sangramento, coceira, inflamação, surgimento de áreas pigmentadas ao redor do sinal justifica uma consulta ao dermatologista para avaliação da lesão. Além disso, algumas características dos sinais podem recomendar o exame, portanto conheça o ABCD do melanoma:
Assimetria: formato irregular


Bordas irregulares: limites externos irregulares


Coloração variada (diferentes tonalidades de cor)


Diâmetro: maior que 6 milímetros

Não tenha medo do diagnóstico.


Procure seu dermatologista se você tem alguma lesão suspeita na sua pele. Não deixe de ir por medo de saber o nome da sua doença. O câncer da pele pode e deve ser tratado e o diagnóstico precoce é muito importante para se obter a cura. Além disso, o tratamento das lesões pré-malignas, que podem dar origem ao câncer da pele, ajuda a preveni-lo.


Como é feito o tratamento do câncer de pele?

O tratamento é cirúrgico na maioria das vezes ou através da destruição das lesões por radioterapia ou criocirurgia com nitrogênio líquido. Quanto antes a lesão for retirada, maior a chance de se curar a doença e de se evitar a disseminação de células cancerosas para outros órgãos (metástases), muito rara nos casos de carcinoma basocelular mas muito frequente nos casos de melanoma não tratados.

terça-feira, 28 de abril de 2009


Saiba o que comer
para ter mais disposição e saúde perfeita

Arroz integral, quinoa e farelo de trigo concentrado estão entre os ingredientes indicados pelos nutricionistas para a receita de uma vida longa e saudável.


Os alunos da Universidade Aberta da Terceira Idade (UnATI) confessam que sofrem do mal de telha: o grupo de setentões não consegue passar o dia debaixo do mesmo teto. E tudo por causa de uma mudança no cardápio. "Tenho mais disposição, vontade de sair mais do que eu já saio. Estou sofrendo do mal de telha", conta dona Rosa Figueiredo, de 74 anos.


"Mal de telha" é a expressão que os alunos da UnATI, no Rio de Janeiro, usam para falar da própria energia. "Minha taxa de colesterol é 160; a de triglicerídios, 150; e a de glicose, 90", revela Marfisa Magalhães Monteiro, de 83 anos. Eles aprenderam que lidar com os alimentos nesta fase da vida requer, acima de tudo, sabedoria. Mas o que é, afinal, comer bem para quem já passou dos 60? A primeira lição: o valor dos cereais.


"A vantagem do arroz integral é que ele tem mais nutrientes, principalmente fibras, que servem para o bom funcionamento do intestino", explica uma professora.


"O arroz polido já perdeu várias propriedades", completa Rosa Figueiredo. Outra descoberta: a quinoa é um cereal rico em proteínas, vitaminas e minerais. "Ele foi utilizado pelos astronautas da Nasa. É um cereal da região dos Andes, que tem um valor nutritivo muito elevado", conta a nutricionista Maria de Fátima Menezes, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.


"A aveia é ótima para reduzir o colesterol", acrescenta dona Mariete de Souza Santos, de 72 anos. A professora confirma: a aveia tem a fibra que vai ajudar a absorver o colesterol bom, o HDL. "Eu uso aveia com banana, no leite, mingau, sopa e uma novidade: até para fazer bife à milanesa. Fica uma delícia", revela dona Mariete. E é no macarrão que se encontra o farelo de trigo concentrado.


"O macarrão é basicamente uma fonte de carboidrato. Então, estamos incorporando fontes de fibras", explica Maria de Fátima. Mas o melhor momento do curso é mesmo a aula prática. Os alunos vão para a cozinha. Cereais em fartura e em boas companhias. "Arroz integral temperado com alho, cebola e shoyo. Deixa cozinhando por 20 minutos", conta uma aluna. Acrescente também repolho, vagem, cenoura e brócolis. O molho shoyo substitui o sal. Quinoa refogada.


Nos temperos, tomate e cebola picadinhos e uma pitada de sal. A quinoa fica ainda mais apetitosa com o contraste do verde do espinafre. Por cima, queijo branco. O macarrão é o último a ir para o fogo. Massa de cozimento rápido exige que os acompanhamentos estejam à mão: atum e rúcula. O azeite extra-virgem está entre as gorduras boas, mas nada de ir para o fogo. Ele só entra depois do prato pronto. Saboreando e comentando. Todos já se acham "chefes de cozinha", ou melhor, "chefes da própria saúde".


"Feijão, arroz, macarrão, purê de batata, tudo junto. Durante muito tempo carreguei esse entulho. Agora tenho uma alimentação correta, com legumes, verduras e muita fruta", conta seu Martius de Oliveira, de 75 anos. "Eu não tenho pressão alta nem tomo remédio", diz dona Cecília Maiarotti, de 77 anos. "Podemos comer chocolate. Mas saboreamos um bombom, e não uma caixa", diz dona Ivone Pereira, de 63 anos. E é na hora da compra que as irmãs Georgina e Lourdes de Lima Lana aplicam tudo o que aprendem na aulas.


"Quiabo é para fazer um ensopadinho gostoso com frango. É uma delícia e faz bem. Compra tomate fresco, não usamos nada químico nem com aditivo.", conta dona Lourdes, de 62 anos. E para ficar mais temperadinho, salsa, cheiro-verde. NO café da manhã, elas tomam suco de laranja, cenoura e beterraba. À mesa, pão integral e mingau de aveia, cereal com presença garantida. "Eu como esse mingau há mais de 20 anos", conta dona Lourdes. Ter tempo para aprender cada vez mais é um privilégio que pode ser ainda maior quando o conhecimento é repassado para outros idosos. Saber qual alimento é melhor para o corpo pode ser nutriente fundamental para fortalecer as atividades do dia-a-dia. Em um abrigo, as irmãs Georgina e Lourdes são as mestres. A vontade de mudar contamina todo mundo.


"Nós temos de comer bastante cereal para sermos idosas energéticas, cheias de vida, de vitalidade, rejuvenescidas por uma alimentação equilibrada", ensina dona Lourdes. Entrar na internet e digitar um único título que seja sobre lista de alimentos que rejuvenescem pode surpreender muita gente. Uma relação recomendando os mesmos cereais, verduras, legumes e frutas está em milhares de páginas diferentes.


A equipe do Globo Repórter enviou essa lista para médicos e nutricionistas de vários centros de estudos, em diferentes pontos do Brasil. Não há dúvida: são alimentos que nos fazem bem, mas é preciso atenção na hora de escolher o que é melhor para você, principalmente se já passou dos 60. Maçã, uva, soja, alho, aveia, azeite de oliva, tomate, castanha-do-pará, iogurte e semente de linhaça. Será que tudo isso faz bem? "Eu não posso dizer que vou comer maçã e aveia e isso vai curar determinado problema. Temos que tomar cuidado por vários motivos. Além da alimentação, tem quatro fatores: quantidade, qualidade, harmonia e adequação. Esses quatro fatores estão ligados à adequação para o organismo de cada um", alerta a nutricionista Márcia Madeira, da Uerj. O segredo da longevidade pode estar na informação. Faça como os alunos da UnATI: pergunte ao médico, ao nutricionista, aprenda a dosar cada alimento e curta muito bem tantos sabores. E muita saúde!


mátéria retirada do Globo Repórter

segunda-feira, 27 de abril de 2009



medula óssea

Técnicas do transplante

As células são retiradas com agulhas especiais, através de múltiplas punções na medula óssea dos ossos da bacia.
Uma outra técnica é a retiradas destas células por meio da utilização de uma máquina de aférese. Neste método, o sangue sai de uma veia, passa pela máquina que separa as células, e em seguida é devolvido em uma veia no outro braço. No caso do autotransplante estas células serão criopreservadas para utilização futura. As células retiradas, quando injetadas na veia, circulam na corrente sanguínea e se implantam na medula óssea previamente destruída com quimioterapia em altas doses. A partir deste momento inicia-se o processo de recuperação hematológica do paciente, que caracteriza o transplante.


O transplante de medula óssea tem indicação nas doenças em que existe uma falência do sistema hematopoético, seja por infiltração de células leucêmicas na medula óssea, seja por doenças que alterem a produção dos constituintes sangüíneos.Também apresenta indicações nas doenças que comprometem severamente o sistema imunológico e nos tumores sólidos - em que a dose de quimioterápicos necessária para o tratamento possa comprometer o sistema hematopoético de maneira irreversível.Basicamente o transplante nos permite administrar doses elevadas de quimioterápicos e, eventualmente, a radioterapia corporal total, proporcionando assim o resgate dos sistemas hematológico e imunológico. Veja os casos em que o Transplante de Medula é indicado.




DOENÇAS ONCO-HEMATOLÓGICAS
Leucemias Agudas Leucemia Mielóide Crônica Mielodisplasia Linfomas não Hodgkin Doença de Hodgkin Mieloma Múltiplo Mielofibrose Outras Doenças


DOENÇAS HEMATOLÓGICAS
Anemia Aplástica Grave Anemia de Fanconi Hemoglobinopatias Aplasia Congênita da Série Vermelha Hemoglobinúria Paroxística Noturna Imunodeficiência Severa Combinada Osteopetrose Síndrome de Wiskott-Aldrich




DOENÇAS ONCOLÓGICAS
Tumor de testículo Tumor de Mama Tumor de Ovário Neuroblastoma Outros Tumores Amiloídose Doenças imunológicas Deficiências de enzimas Esclerose múltipla Etc...
Tipos de Transplante


CONHEÇA OS TIPOS DE TRANSPLANTE
O transplante alogênico, no qual a medula óssea é retirada de um doador vivo, preferencialmente de irmão, necessita que exista compatibilidade dos antígenos leucocitários humanos (sistema HLA), e pode ser utilizado no tratamento das doenças hematológicas, imunológicas, onco-hematológicas e oncológicas.O autotransplante , onde se utiliza a medula óssea ou células tronco periféricas do próprio paciente, tem aplicações nas doenças onco-hematológicas e oncológicas.




QUEM PODE SER DOADOR
Qualquer pessoa com boa saúde, após avaliação rigorosa da equipe médica, pode ser um doador de Medula Óssea. Será coletada uma amostra do sangue para realização de sorologias e tipagem HLA (exame que identifica sua genética).Caso haja um doador compatível, este será convocado para a realização de outros testes de comprovação. Se a compatibilidade for comprovada, o doador será chamado para a doação da Medula Óssea.


RESULTADOS
Os resultados são variáveis, dependendo da fase da doença em que o transplante é realizado, da idade do paciente, da compatibilidade do doador e da condição clínica do doente. De uma maneira geral, os resultados são melhores quanto mais precocemente for realizado o transplante
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MATÉRIA RETIRADA DO SITE

quarta-feira, 22 de abril de 2009




Sentimentos negativos podem agravar doenças

A dor existe para alertar que há algo errado no corpo. Quando o problema é resolvido, ela deve ir embora. Mas a tristeza mantém a dor sem fim.
As dores do corpo e as dores da alma são inseparáveis e assim devem ser tratadas. A dona de casa Kátia Gomes sofre de dores terríveis na face. Tudo piorou depois da morte dos pais. Hoje, o marido tenta poupá-la de qualquer aborrecimento.

"Às vezes, eu nem falo coisas pequenas para ela, porque podem desencadear a dor, e a crise vem junto", conta o marido de Kátia.


A responsabilidade de cuidar dos filhos e o fim de dois casamentos abalaram a saúde do sociólogo Júlio Miranda.
"É como se fosse uma dor de dente muito mais forte. É uma dor aguda e forte, que pega todos os dentes. Depois, ela sobe", conta a dona de casa. A dor existe para nos alertar de que há algo errado no corpo. Quando o problema físico é resolvido, ela deve ir embora. É como se luzes fossem ligadas para dar o aviso e depois desligadas, quando o perigo passou. O problema é que emoções negativas como tristeza constante ou a raiva eterna acabam mantendo o sistema da dor ligado em um sofrimento sem fim. "O indivíduo passa a perceber com maior intensidade sensações dolorosas ou passa a perceber como dolorosas sensações que não seriam primariamente dolorosas", explica o psicoterapeuta João Augusto Figueiró, do Grupo de Dor do Hospital das Clínicas em São Paulo. Esse curto-circuito doloroso também pode ser causado por excesso de analgésicos. Por isso, os profissionais do Grupo de Dor buscam alternativas, como a acupuntura. O sociólogo Júlio Miranda foi em busca desse tipo de ajuda para tratar uma terrível dor nas pernas. Ele tem um problema circulatório, já operou, mas o sofrimento continua. Júlio trava uma luta diária para se manter ativo. No banco onde trabalha, lida com o público e sente que o trabalho é quase uma terapia. "Eu procuro ver sempre o lado bom das coisas. Eu gosto de conversar com as pessoas. Então, eu saio bem para o serviço”, conta Júlio. Na casa onde mora com dois dos quatro filhos, a dor é um fantasma sempre rondando. "Às vezes, pode ser que ele esteja em um dia bom e até impressione o bom humor. Ou pode ser que ele esteja estressado, nervoso, e desconte em nós coisas com as quais não temos nada a ver", observa Maíra Miranda, filha de Júlio. "Ficamos meio sentidos quando ele está com dor, porque sabemos que ele não está aqui 100%", reclama Eduardo Miranda, filho de Júlio. A responsabilidade de cuidar dos filhos e a tristeza de dois casamentos que acabaram abalaram ainda mais a saúde do sociólogo. "Para mim foi muito complicado lidar com isso e me perdoar, para poder perdoar os outros. Você não consegue perdoar ninguém se você não se perdoa”, comenta Júlio. Perdoar e refletir são atitudes que ajudam. E seguir os conselhos dos filhos também. "Ele fuma e bebe. Então, já não está fazendo a coisa correta", revela a filha. “No emocional, tem o ciúme e a carência. Ele quer que eu fique em casa para fazer companhia", conta Maíra. "Parece que ele tem que carregar o mundo nas costas e tem que resolver tudo sozinho, quando, de repente, poderia contar com a ajuda de um amigo ou de um familiar. Eu acho que meu pai é um pouco assim às vezes. Ele não se abre com as pessoas", opina o filho Eduardo. Júlio e Kátia são dois brasileiros em busca da cura para as dores do corpo e da alma e com boas chances de sucesso. Eles estão nas mãos de bons médicos e vivem cercados de amor, um sentimento que faz dupla perfeita com o pensamento positivo. "Frequentemente, as pessoas associam emoções com algo negativo e perturbador, mas emoções também são positivas. Essas emoções positivas têm efeitos benéficos para a saúde. São emoções de acolhimento e de aproximação, de maior afetividade e de maior amorosidade", aponta o psicoterapeuta João Augusto Figueiró. Vale também amor de marido, de filhos e, claro, amor-próprio. "O amor e o afeto realmente são poderosos no sentido do restabelecimento da doença, da saúde e na prevenção do desenvolvimento de doenças”, alerta o médico.
Matéria retirada do Globo Repórter

segunda-feira, 20 de abril de 2009



Como decifrar os sentimentos de um recém-nascido?

Para aprender a decifrar as primeiras emoções, a mãe precisa de tempo e da ajuda do pai. Desde cedo, educar exige atenção, paciência e muito amor.
Graziela Azevedo São Paulo
Ainda sem o recurso das palavras, Leo é igual a todos os bebês que conhecemos. Qualquer emoção que ele tem, pronto: bota a boca no mundo e chora. O impacto da chegada do bebê - passamos um dia na casa de uma família paulistana. Quantas emoções registramos, sentimos e gravamos. O único jeito de falar para a gente o que ele está sentindo é através do choro. Difícil é saber traduzir cada sentimento. "É duro você ver um filho chorando e não saber o porquê, por mais que falem que é cólica. Você quer fazer alguma coisa para parar aquele choro", comenta a advogada Camila Torres Blanca, a mãe do Leo. "Tem dia que ela começa a chorar junto", conta o administrador de empresas Rodrigo Damas, pai de Leo, sobre a atitude de Giovanna irmã do bebê. "Em um primeiro momento, o mais importante é que os pais não ignorem essas mensagens corporais e tentem ajudar esse bebê a encontrar a resposta para aquela mensagem de insatisfação que ele está tendo. Uma coisa muito importante é que os pais não respondam sempre com o mesmo estímulo. Por exemplo, tem mães que sempre respondem ao choro com alimento. Esse tipo de resposta única não contempla a riqueza de mensagens e de emoções que estão ocorrendo no corpinho do bebê", explica a psicóloga Vera Zimmermann, da CRIA e da UNIFESP. Para aprender a decifrar essas primeiras emoções, a mãe precisa de tempo e da ajuda do pai. Desde cedo, educar exige atenção, doses reforçadas de paciência e muito amor. Giovanna está na fase em que a fantasia também é fundamental. É brincando que a criança ensaia para a vida e treina maneiras de enfrentar o medo, a culpa, a raiva. Os pais podem ajudar muito fazendo coisas simples. "O adulto pode ajudar achando exemplos ou lendo um livro que fale a respeito disso ou dizendo ‘Eu senti isso, será que e isso que está acontecendo contigo hoje?’”, Dra. Vera. E o que será que está acontecendo com a Giovanna e Camila? Giovanna acaba de entrar na escola e está no período de adaptação. Camila Torres Blanca fica por perto nesse início. A separação vai acontecendo aos poucos, mas não é fácil para a menina. Nem para a mãe. "Eu sei que e muito difícil. Então, tenho medo de ela chorar e de ela pensar ‘a minha mãe me deixou aqui para ficar com o meu irmão’", revela a advogada. A diretora pedagógica da escola, Márcia Giachini, vem em socorro. A experiência mostra que se a mãe está segura e transmite isso à criança tudo fica mais fácil. "Eu acho que a grande questão é a gente compreender o que está acontecendo com a criança. A mãe quando vai conversar tem que passar isso: ‘eu te entendo’. E a criança se sente mais tranquila", explica a diretora. Os olhos estão sempre à procura. Os da filha buscam a mãe. Os da mãe tentam encontrar sua menina. O contato visual é garantia de segurança no mundo novo da escola. Mas vai chegar o momento em que as duas terão que lidar com suas emoções sem o apoio constante, uma da outra. Aos poucos, Giovanna vai se soltando, mas provavelmente o sistema imunológico ainda vai sentir o impacto dessas emoções. Doencinhas vão aparecer, mas faz parte da fase fundamental do crescimento. Depois de um dia impactante de adaptações, nos despedimos da família. Leo, Giovana, Camila e Rodrigo têm a chance de passar a vida toda aprendendo a entender como as emoções fazem parte do nosso bem estar.

matéria retirada do Globo repórter



terça-feira, 14 de abril de 2009



OSTEOPOROSE: PREVENÇÃO, RISCOS E CUIDADOS


Ela invade seu corpo sem avisar, piora a sua qualidade de vida e pode ser fatal... é a Osteoporose. Silenciosa e muito perigosa, essa doença merece atenção redobrada das mulheres, principalmente daquelas que já chegaram à menopausa.
A osteoporose é uma doença caracterizada pelo aumento da fragilidade dos ossos que, ao serem afetados, se tornam incapazes de desempenhar uma de suas principais funções : sustentar o corpo. Dessa forma, ela é a principal causa de microfraturas de coluna vertebral, de fraturas de bacia, colo do fêmur e punhos, podendo causar dores constantes, imobilização forçada no leito e, como conseqüência, má qualidade de vida.O osso é um tecido vivo; portanto, se renova constantemente e, por meio de suas células, mantém o equilíbrio da quantidade de cálcio no organismo. Entre os 30 e 35 anos de idade, a massa óssea do homem e da mulher alcança o limite máximo. Após essa idade, começa a ocorrer, de forma lenta e gradual, a perda da massa óssea para ambos os sexos. Entretanto, para a mulher, esse processo é acelerado quando ela atinge a menopausa (nos 5 a 6 anos seguintes à menopausa, as mulheres perdem o dobro de massa óssea - 3% a 4% ao ano - em comparação aos homens da mesma idade - 1% a 2% ao ano).
PREVENÇÃO: A prevenção é uma arma poderosa no combate à osteoporose e pode começar com exames simples e rápidos, como a densitometria óssea, cujos valores obtidos são comparados aos normais.Há muitos fatores de risco que podem indicar que a pessoa estará mais sujeita à osteoporose e, nestes casos, a prevenção torna-se uma necessidade. Após a identificação dos principais fatores de risco e da avaliação dos exames de rotina, o médico poderá então indicar um tratamento adequado e fazer um acompanhamento do paciente ao longo dos anos.Como fatores de riscos temos:* Hereditariedade Mãe, pai e irmã mais velha com osteoporose; pode determinar o início da perda de massa óssea a partir dos 45 anos de idade.* Diminuição de Hormônios Quando a produção de hormômios diminui, inicia-se também a perda de massa óssea; portanto, quanto mais cedo ocorrer a menopausa, maior o risco de osteoporose.* Raça e Estrutura Corporal Mulheres com estrutura óssea delicada, delgada e pele clara (em especial louras, ruivas ou orientais) correm maior risco de apresentar essa doença.*
Sedentarismo: Outro grupo de risco considerável é aquele formado por mulheres com pouca ou nenhuma atividade física regular, tal como caminhar ou praticar exercícios.*
Doenças Crônicas: Algumas doenças crônicas (reumatismo, inflamação nas articulações, disfunção da tireóide e dos rins etc.) contribuem para que ocorra uma maior perda óssea.*
Nutrição Inadequada: O consumo insuficiente de alimentos ricos em cálcio desde a infância até a idade adulta compromete a renovação da massa óssea.*
Fumo, Álcool e Café: Quando em excesso tornam-se fatores de risco.*
Uso Contínuo de Algumas Medicações:Utilizar medicamentos sem acompanhamento médico pode trazer sérios problemas saúde. No caso da osteoporose tal atitude aumenta o risco de perda de massa óssea, principalmente se tais medicações incluírem hormônios da tireóide, diuréticos, anticoagulantes, corticosteróides etc.
MEDICAMENTOS: Para as mulheres que atingiram a menopausa, em geral, os médicos indicam a terapia de reposição hormonal (TRH) e o consumo adequado de cálcio, através de alimentos como leite e seus derivados (queijo, requeijão, iogurte), folhas verdes, todos os tipos de legumes, frutas (laranja, morango e tangerina) e as carnes (sardinha, salmão e carne bovina). Quando a dieta é insuficiente, recomenda-se também o uso de suplementos contendo cálcio. Além disso, alguns tratamentos à base de biofosfonatos têm se apresentado eficazes na redução de ocorrência de novas fraturas em mulheres na pós-menopausa, com osteoporose.Enfim, desenvolver uma atividade física constantemente, manter uma alimentação saudável e rica em cálcio e realizar exames de rotina (sempre sob orientação médica) são segredos para evitar que a osteoporose comprometa sua qualidade de vida.


terça-feira, 7 de abril de 2009

'Envelhecer é um processo natural'

Médico geriatra diz que o envelhecimento é uma viagem que deve ser feita com alegria. Autonomia é fundamental para idosos.

Segundo Renato Maia, presidente da Associação Internacional de Gerontologia e Geriatria, receitas são boas e baratas. O primeiro passo é se manter ativo. Em seguida, é preciso controlar fatores de risco. Por fim, deve-se manter uma atividade intelectual, que não é vacina contra demência, mas ajuda a diminuir as chances.

Em Oscar Bressane, atividades e atendimentos de saúde são acessíveis aos idosos. Parque da capital paulista oferece aparelhos especiais para quem precisar recuperar os movimentos.

O tempo passa para todo mundo. Uma viagem que ninguém sabe onde vai dar. Sérgio Barghetti, de 69 anos, e a Áurea Rosset Barghetti, de 63, embarcaram há muito tempo. Já viveram bem mais do que a maioria neste vagão. Uma vida exposta a tudo aquilo que, dizem, "faz mal": poluição, estresse, excesso de trabalho. E chegaram aos dias de hoje ainda cheios de energia. Eles têm agilidade, indispensável em uma cidade como São Paulo. "Você não deve dizer que não pode. Vai fazendo", diz ele. Quem vê seu Sérgio nem imagina que ele teve três isquemias e um derrame que afetou os movimentos do lado esquerdo do corpo há dez anos. Depois, vieram os sintomas da Doença de Parkinson. Mas ele não se entrega. "Ele se cuida e melhorou bastante por causa disso. É bom para ele e para mim também. Antes, ele era mais dependente. Hoje, se vira: dirige, sai, faz tudo", conta dona Áurea. "Acho que deveríamos aprender a administrar o tempo", aconselha seu Sérgio. Tempo para cuidar da saúde, fazer exercício físico. "Eu percebi que quando levanto e ando fico o dia inteiro excelente. Se eu não ando, a dor começa", conta seu Sérgio. "É impressionante como as pessoas falam que estão mais seguras, mais independentes", conta a professora de educação física Gislene Rocha. No fim da vida, idosos ficam dependentes de outras pessoas para atividades do dia-a-dia. Os homens, em média, dois anos e meio. E as mulheres, quatro anos. E isso acontece, em parte, porque elas vivem mais. É importante ficar atento. Para o presidente da Associação Internacional de Gerontologia, o professor Renato Maia, da Universidade de Brasília (UnB), um dos maiores especialistas em envelhecimento do mundo, começamos a depender de outras pessoas quando deixamos de acreditar na nossa capacidade. "A luz amarela tem que acender quando a pessoa começar a falar muito não: 'Não vou. Não dou conta. Não posso. Não quero'", diz. Subir uma rampa ou descer escada são exercícios simples, mas com um resultado surpreendente. Eles contribuem para a chamada capacidade funcional, que é a habilidade que uma pessoa tem para fazer atividades comuns do dia-a-dia, mas fundamentais para a qualidade de vida. Em uma praça do Fundo de Solidariedade e Desenvolvimento Social e Cultural do Estado de São Paulo, os idosos são os donos do pedaço. Alguns equipamentos ajudam a recuperar os movimentos que os idosos perdem com o tempo, como barras para exercícios de equilíbrio e rolinhos para flexibilidade dos punhos. Exercícios que podem ser feitos em casa também. Mas junto com outros idosos, dona Dirce Somuli, de 69 anos, sente-se mais motivada. "Para quem já está ficando enferrujado, é muito bom", elogia. Seu Emerson, de 76 anos, já é especialista. Ensina a outros idosos os benefícios da escadinha dos dedos. "Quando conseguimos coordenar, nos sentimos melhor", garante. O importante é fortalecer os músculos e evitar as quedas. Elas são uma das cinco principais causas de morte de idosos. "Já existem estudos na literatura mostrando que a prática de exercícios direcionados consegue reduzir em cerca de 20% o risco de queda", revela o médico idealizador do parque, Egídio Dórea. Idosos ativos vivem melhor. Dona Terezinha Chaves diz que, com a ajuda de Deus, carrega sozinha a tábua de passar roupas. Obra do destino e da vontade dela. Dona Terezinha mora só e tem que se virar. Lavando e passando roupa para fora, ela vai tocando a vida em Belo Horizonte, aos 79 anos. "Esse trabalho ajuda muito. É o meu pão de cada dia. Só a pensão não dá. O que vale um salário-mínimo?", questiona. Mas você acha que ela reclama da vida? Que nada. E assim vamos descobrindo a sabedoria de dona Terezinha. Sabedoria que – desconfiamos – a ajudou a chegar desse jeito aos quase 80 anos. "É preciso ter paciência com a vida e aceitar o que Deus nos dá. Fazer o quê?", diz. Dona Terezinha também acredita que os homens se cuidam menos. "Dia desses eu fui ao cemitério porque uma amiga tinha morrido. Gosto de visitar todos os velórios. Então, verifiquei que há poucos homens e eles estão morrendo. Nos bailes, vemos mais mulheres do que homens tomando chá de cadeira", conta. Em Oscar Bressane, no interior de São Paulo, é bem como dona Terezinha diz. A cidade é capital da longevidade no estado de São Paulo. Revelação de uma pesquisa da Fundação Seade. "Dizem que cidade pequena não tem nada para o idoso fazer. Mas é só procurar que tem", assegura dona Jandira Savian Gomes, de 56 anos, que, junto com o marido, seu Manoel Gomes, de 69 anos, resolveu provar o que ela disse. Às 7h30m, eles começaram a mostrar tudo o que dá para fazer na cidade em um único dia. Em Oscar Bressane, tudo é feito a pé. Caminhada é exercício corriqueiro. Todo mundo se encontra na rua. Na academia, alongamento. Ginástica que ajuda no controle da hipertensão. Na hora do almoço, verduras da horta e comida preparada no fogão à lenha, sem correria. "Sossego é gostoso", ressalta seu Manoel. À tarde, tem jogo de cartas para os homens e trabalhos manuais para as mulheres no Centro de Convivência do Idoso. Hidroginástica, jogo de vôlei. E, no início da noite, musculação em uma praça ao ar livre. Atividade física com ar puro, praticamente no meio de uma fazenda, no cair da noite. E lá estava seu Manoel, que acordou de madrugada, ainda firme e forte. Nas cidades com bons índices de longevidade é assim: atividades e atendimentos de saúde são acessíveis aos idosos. "É uma população pequena, de certa forma envelhecida. Os serviços públicos na cidade se tornam suficientes para atender aquela população", avalia a estatística Maria Paula Ferreira, da Fundação Saade. E não é uma questão só de dinheiro. Oscar Bressane, campeã da longevidade no estado de São Paulo, ocupa a posição 579 em riqueza. A capital, que é a 14ª em riqueza, fica lá bem atrás em longevidade, na posição 204. É assim também na vida de cada um. Quem entende do assunto diz que depois de um mínimo para viver o dinheiro já não é tão importante para envelhecer bem. "Daí para a frente, o que importa é a sua posição na sociedade, o seu bem-estar social, a sua capacidade de interagir na sociedade e de usufruir a sua autonomia", diz o geriatra Renato Maia. O que esperamos do futuro para nós e para os nossos filhos? Se existe receita para viver muito – e bem –, ela não é exclusividade de Oscar Bressane. Seja em uma cidade pequena, onde o tempo parece passar bem devagar, ou na rotina acelerada de uma metrópole como São Paulo, caminhamos em direção à longevidade. O número de idosos vem aumentando em todo o país. A experiência de quem já chegou lá pode indicar caminhos também a quem atravessa outras fases da vida. A pesquisadora Mirela Camargos se surpreendeu quando foi a campo procurar idosos que vivem sós. Fisioterapeuta e demógrafa da Fundação João Pinheiro, ela esperava encontrar tristeza e solidão, mas não foi o que viu. Por incrível que pareça, os que moram sozinhos têm alguma vantagem sobre muitos que moram com as famílias. "Observamos que às vezes, quando o idoso vai morar com a família, por zelo, as pessoas falam assim: 'Não precisa fazer isso'. Elas não querem que o idoso participe, que ele ajude a lavar uma vasilha, a cuidar da casa, a varrer", diz a demógrafa. Para dona Diva Mayrink, de 73 anos, fazer as coisas ela mesma mais do que ajudar a manter a saúde, mantém a dignidade. "É triste pedir para fazer alguma coisa", conta. Mas Mirela alerta para alguns cuidados. É bom guardar as coisas de uso diário ao alcance das mãos. À noite, lembrar de iluminar bem a casa e tirar objetos soltos do caminho até o banheiro. Foi Mirela quem apresentou dona Terezinha ao Globo Repórter. "Eu acho o segredo de viver bastante e bem é não ficar muito preocupado com as coisas", revela. Dona Terezinha e a amiga, dona Efigênia, aproveitam o direito de andar de graça e levam quase uma hora de viagem atravessando a cidade de ônibus. Enfim, elas chegam ao baile. Aos 79 anos, dona Terezinha não desce do salto.
matéria retirada do Globo repórter

quinta-feira, 2 de abril de 2009



Lições de quem já passou dos 60

Eles se recusam a fazer o papel de vítimas do tempo. Aproveitam tudo o que a ciência e a medicina fazem para esticar e melhorar o processo do envelhecimento.
"Eu estou com 86 anos e não me considero velha", diz dona Maria Gualda, para quem a pessoa fica velha com a idade que quiser.
Eles descobriram que não se deve sofrer com o que a idade tira, mas aproveitar tudo o que está por vir.
"Eu sou mergulhadora desse milênio, não sou do milênio passado. Não sou aqueles dinossauros do milênio passado", afirma dona Iara Ferreira Etto, de 74 anos.
"Tem pessoas que ficam remoendo: 'Puxa, eu podia ter feito isso, feito aquilo'. O passado e os erros devem servir de experiência para procurarmos andar mais certinho. Faça agora e aproveite agora, porque estamos vivendo este momento", aconselha Austin Roberts, de 68 anos.
E é nessa experiência que o idoso deve acreditar para fazer suas escolhas.
"À medida que as pessoas envelhecem, se tornam cada vez mais competentes para selecionar as coisas que são importantes para elas – as relações afetivas que são importantes, que lhe dão alegria, que lhe dão conforto, que lhe fazem bem – e deixar o resto de lado", diz a professora Anita Néri, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Eles estão fazendo a parte deles. Mas será que nós, que também vamos envelhecer, estamos fazendo a nossa? Será que um dia todos irão achar natural cuidar e investir no idoso como se acha normal cuidar de uma criança?
"Isso tudo não é só uma responsabilidade individual. Dizer isso para as pessoas é até indigno. O sistema social também precisa proporcionar condições de educação, assistência à saúde, à habitação", acrescenta Ana Néri.
Muita coisa tem que ser feita para esses brasileiros que já fizeram muito e ainda não se cansaram. Eles estão por aí, distribuindo exemplos para quem quiser aprender e sabedoria para aqueles que querem chegar lá.
"Eu me sinto como no início da minha vida. Ainda faço projetos, ainda sonho com o que vou ser e o que vou realizar", conta Aurelina de Oliveira Campos, de 77 anos.
"Ou você morre, ou você envelhece. Acho preferível envelhecer", conclui dona Iar
a.
Matéria retirada do Globo repórter
A foto acima foi retirada do site www.fotosearch.com.br